Quem visitar Lisboa não pode deixar de conhecer a Tudo e Todos!
A proposta da loja é ser um ponto de encontro de amigos, clientes, artistas, artesãos e turistas. Miguel Reduto, proprietário da loja ateliê, pensa o espaço para acolher pessoas. A Tudo e Todos é uma loja com alma.
O prédio data de 1896, projetado para ser uma padaria, preserva os azulejos azuis, tipicamente portugueses e os fornos de pães.
Esculturas em pedra, quadros, artesanatos regionais, cerâmicas, bijouterias, bolsas em tecidos, carteiras, tapetes, louças em barro, vinhos, livros, azulejos, móveis, azeites, estão dispostos nas duas salas do ateliê de onde se vê a passagem do elétrico 28.
Um espaço de projetos, ideias e pessoas. Realmente a não perder em Lisboa!
Tudo e Todos | Rua Dos Poais de São Bento, 31, 1200-346 Lisboa | Portugal
Ontem o prato do dia não foi bacalhau, foi hambúrguer!
O que não falta no Porto são restaurantes, cafés, confeitarias. A variedade de restaurantes regionais e especializados em peixe surpreende na qualidade dos produtos, principalmente o peixe. Mas nem todo dia se come bacalhau, sardinhas e robalos assados ou tripas à moda do Porto.
No mês passado chegou ao Porto Steak’n Shake, a terceira hamburgueria da rede americana em Portugal, onde o charme fica por conta de saborear hambúrguers ao lado dos murais de Joana Vasconcelos. Artista plástica portuguesa da Arte Pública, reconhecida pelos inúmeros trabalhos internacionais, como a Bienal de Veneza, Versailles e São Paulo.
Em tempos de polêmicas sobre Street Art e cor na cidade de São Paulo, os painéis de Joana Vasconcelos feitos de azulejos coloridos, encantam e enchem os olhos. É impossível não fotografar. As cores e formas contrastam com a arquitetura de casarios acinzentados pelo tempo. Olhar por instantes os murais, é ter a sensação de alegria em fração de segundos. São 20 metros de painel na fachada lateral, em 8000 azulejos idealizados e pintados à mão pela artista plástica. A inspiração vem das filigranas, trabalho ornamental feito de fios muito finos usados em joias de ouro , prata ou bronze, neste caso, da região de Viana do Castelo.
O hambúrguer é muito bom, acompanhado da tradicional batata frita é servido por jovens simpáticos e muito educados.
Um casal gastará em média 17 Euros, bebendo 2 finos (chopps).
A hamburgueria fica no Largo do Moinho de Vento, na Baixa| Porto
Em Milão o evento mais importante do design internacional, o Salone del Mobile, começa na próxima semana de 14 à 19 de Abril de 2015. Muitos eventos paralelos de design ocorrem em toda a cidade. Milão se transforma na capital mundial de inovação do design. Este ano a Euroluce, que é bienal, completa o cenário do design com ousadia.
A linguagem simétrica e limpa é a tônica dos dormitórios de universidades idealizados por Jean Prouvé, Le Corbusier e Charlotte Perriand nas décadas de 30 e 50. Como parte do Design Miami, a galeria Patrick Seguin montou uma elogiada exposição com recriações de projetos dos célebres designers feitos especialmente para os espaços acadêmicos. A obra dedicada a Corbusier e Perriand é uma reprodução do Quarto Brasil, construído em 1959 para acomodar estudantes estrangeiros na Cité Internationale Universitaire de Paris (foto acima). Os outros dois ambientes – também com total economia de ornamentos – são de Prouvé, feitos nos campus das cidades de Nancy e de Anthony. As composições são familiares, e não é difícil perceber como esses mestres franceses influenciam as gerações posteriores a eles.
Artista Nipo-Brasileira que teve sua trajetória sublinhada pelo delicado Abstracionismo, apropriação da cor e da materialidade da imagem nas camadas de tinta, Tomie Ohtake revelava a pele da sua arte contaminada em sobreposições de culturas.
Pinturas Cegas, da Exposição Correspondências
Em comemoração aos cem anos da artista plástica Tomie Ohtake, a exposição Correspondências, com curadoria de Agnaldo Farias e Paulo Miyada, apresentou a história das suas obras realizadas desde a década de 1950 num diálogo com outros artistas brasileiros. Estas obras estabelecem uma relação de aproximação e contraposição entre sua produção desde 1956 à 2013.
Tomie Ohtake nasceu em 1936, no Japão. Veio ao Brasil em visita ao irmão em 1936, ficando impressionada com a luz amarela do Brasil, país tropical. Com a iminência da Segunda Guerra, permaneceu no país, onde se casa e tem seus filhos, Ricardo e Ruy Ohtake. A carreira da artista imigrante, teve início com trabalho tardio, aos 40 anos. A influência da arte do Japão de tradição do início do século XX, onde se percebe as pinceladas da Arte Shodô, e o hibridismo cultural brasileiro foram inspiração para sua obra. A fruição de culturas, num viés verde brasileiro, amarelo nipônico, revela-se num resultado primoroso do abstracionismo de Tomie Ohtake, que influenciou diversos artistas nacionais.
Deixa um impressionante acervo de obras, pinturas na sua fundação, e esculturas nas cidades de São Paulo, Santos, Santo André.
O artista britânica usa flores para transformar interiores urbanos em espaços visualmente impressionantes
Imagine iniciar o dia de trabalho, passando por uma vibrante cortina perfumada das flores. As pessoas que visitarão para o prédio Viacom, na Times Square vão ter o prazer de ser recebidos desta forma, graças a artista britânica Rebecca Louise Lei. Suas instalações de flores penduradas têm gerado interesse por toda a Europa, elas transformam os ambientes urbanos em espaços naturais, etéreos. ‘Flowers 2015: Outside In “ marca sua estréia em território americano, que transformou a sede global em mídia num espaço cheio de cores, texturas e aromas.
Tal como acontece com a maioria das criações de Direitos Reservados, esta instalação foi um esforço colaborativo. Centenas de funcionários da Viacom ofereceram-se para ajudar a criar a peça, amarrando mais de 15.000 flores em fio de cobre para serem penduradas acima da entrada. Foram utilizados 14 tipos diferentes de flores, incluindo rosas, hortênsias, cravos, cardos, e Gypsophilias.
A delicada relação da artista com a natureza, é projetada na instalação para se transformar ao longo do tempo. Inicialmente, flores frescas irradiam cores vibrantes e fragrâncias que são lentamente preservadas com a secagem. A escultura restante se transforma em algo como pout-pourri e emana um cheiro semelhante, mostrando o potencial de cada flor, o que ilustra o desejo do artista de justapor figurativamente sociedade contemporânea com a natureza.
Todos nós temos nossos lugares especiais em casa, e até no trabalho. Gostamos de nos cercar de referências que fazem parte da nossa história pessoal. A frase “Deus está no detalhe”, atribuída a Mies van der Rohe (???), é a metáfora do belo, do sublime, do olhar de encantamento.
Os detalhes sempre fazem a diferença, porque demonstram cuidado, afeto, delicadeza.
O “lugar” da casa com encanto especial. É no detalhe que demonstramos quem somos.
A casa personifica nosso ideal mais íntimo. O sonho, o devaneio, as lembranças…
Todo canto de uma casa, todo angulo de um quarto, todo espaço reduzido onde gostamos de encolher-nos, de recolher-nos em nós mesmos, é , para imaginação o isolamento, a intimidade.
O canto da casa evoca-nos o silêncio de pensamentos. Retiro para alma, refúgio da imaginação, memória de momentos de tranquilidade. A casa é nosso canto no mundo.
O sentido estético evolui com o passar do tempo. Na decoração tudo é cíclico, alguns estilos se apresentam em releituras em novos materiais e tecnologias.
Para facilitar listamos 10 tendências para 2015. Da cor reluzente à forma perfeita, da textura suave ao brilho, da década que agora nos rege à criação dos países que ditam tendências, podemos adaptar à nossa cultura e clima, o que vem por aí aos seus desejos de ter uma casa bonita e confortável.
A COR: PETRÓLEO
O azul petróleo está em alta. É a cor do momento. A sugestão é usar a cor em poltronas e peças pequenas, em veludo que também é tendência
A FORMA: CURVA
A curva, linha que fascinava e orientava a arquitetura de Oscar Niemeyer no período modernista, é um dos elementos mais interessantes também nos interiores. Voltou de forma soberana numa das peças mais importantes do mobiliário: o sofá! Do espanhol Jaime Hayón, para Fritz Hansen, aos franceses Pierre Yovanovitch e os Irmãos Bouroullec, estes para Ligne Roset, a curva nos sofás hoje é tudo.
A TEXTURA: VELUDO
O veludo é eterno, e vai dominar os estofados. É o que dizem os fabricantes de prèt-a-porter em mobiliário, desde o Salão do Móvel, em Milão. Feito de algodão, o tecido de pelos curtos – sim, o bom veludo tem que ser absolutamente natural – é um must colorido de volta às nossas casas, em sofás e poltronas. Especialmente em cinza, bege, amarelo e laranja.
O BRILHO: DOURADO
O livro ‘O Brilho do Bronze’ (Editora Cosac Naify) é um dos best sellers atuais. Nele, o historiador Boris Fausto faz reflexões dolorosas, envoltas pela marca da ausência – só lendo para saber… Pois o resultado revela um olhar crítico e atento à vida contemporânea, com o humor de seu autor, mesmo em uma cena triste. No nosso caso, o brilho do dourado se revela em objetos lindos como um vaso solitário, assim como o brilho do latão em móveis que voltam à tona enxutos, de forma – brilhante na decoração, às vezes somado ao tom cromado, em jogo ouro e prata.
DEVE TER: VASOS
Vasos servem para tudo numa casa: colocar flores, enfeitar sozinhos – ou mesmo em grupo, uma apresentação muito em alta – uma mesa ou aparador, formar coleções. De todas as décadas ou séculos, em materiais como a cerâmica ou a porcelana, em formatos e funções diversas. Eles podem, ser chineses, franceses, ou dinamarqueses. Mas são, sem dúvida, um item obrigatório em uma boa decoração em todos os tempos.
A DÉCADA: ANOS 1970
O auge psicodélico iniciado no final dos anos 1960 explode nos anos 1970 – na moda e na decoração. A excentricidade atinge o seu apogeu do século 20 em peças modernas e com humor. O acrílico aparece em todas as suas formas e cores: da transparência das poltronas e das cadeiras à negritude de uma escrivaninha, passando pelos pés de abajur. O design dos estofados desta época começa a esbanjar conforto.
O ESTILO: ART DÉCO
O estilo Art Déco é o máximo da elegância: sempre reaparece como uma fênix. Porque tem características fortes, com móveis e objetos cheios de personalidade e linhas muito firmes que agradam a qualquer dos tempos em que os desafios se impõem. Exemplos fantásticos deste período belo e rígido – cadeira estofada em tecido com grafismo preto e branco, mesa lateral com pés em aço, luminária, poltrona e lustres. Coisas de quem entende que o estilo está acima de tudo.
PEÇAS COM ASSINATURA: OSCAR NIEMEYER, SÉRGIO RODRIGUES, JOAQUIM TENREIRO, JORGE ZALSZUPIN, LINA BO BARDI
Designers brasileiros ou estrangeiros dos anos 1950, com influência do Modernismo brasileiro, estão em alta. Ter um móvel assinado por designers é um privilégio, e sinônimo de boa qualidade.
DESIGN BRASILEIRO
Rústico, minimalista, criativo, o design brasileiro tem qualidade, e é valorizado no mundo inteiro. Uma grande aposta no décor!
GLOBALIZAÇÃO: ASIA E EUROPA
Cruzando os mares, do século 19 aos dias de hoje, estes móveis chegam ao Brasil com o sabor da tradição. Mas com absoluta certeza de que compõem a melhor base clássica para um ambiente contemporâneo. Aqui ou em qualquer lugar do mundo.Originários da França, da Itália, do Japão e da China.
“Esse negócio de entender de uma coisa, tem que amar. Quando você ama, isso cria uma capacidade. Você se interessa pela coisa, você começa a olhar”. Tom Jobim
Antonio Carlos Jobim sempre foi apaixonado pelo Jardim Botânico. Seu nome tornou-se sinônimo de preservação do patrimônio ecológico e cultural do país e sua visão de mundo é sempre objeto de inspiração para as novas gerações. Sua constante preocupação com a ecologia nos levou à criação do Instituto Antonio Carlos Jobim, em maio de 2001, não somente para preservar e tornar público o seu acervo, mas também para desenvolver projetos educativos sobre ecologia e artes em geral.
No DVD Casa do tom – Mundo, monde, mondo, Tom Jobim, Ana Lontra, esposa de Tom Jobim, conta a história desde da construção da casa, e a mudança de casa, e a inspiração do poema Chapadão, que Tom começou a escrever quando escolheram o terreno no alto do Jardim Botânico para construírem sua casa: “A casa levou quatro anos para ficar pronta e o poema, oito”
Chapadão – Tom Jobim
Vou fazer a minha casa
No alto do chapadão
Vou levar o meu piano
Que ficou no Canecão
Vou fazer a minha casa
No alto do Chapadão
Vou levar don’Aninha
Prá me dar inspiração
Vou fazer a minha casa
No alto de uma quimera
Vou criar um mundo novo
Inventar nova megera
Vou fazer a minha casa
Com largura e comprimento
E peço ao Paulo uma sala
Pra botar Aninha dentro
Vou botar minha biruta
No taquaruçu de espinho
Vou fazer cama macia
Pra te amar devagarinho
Seremos dois belezudos
Neste mundo de feiosos
As noites serão tranquilas
E os dias tão radiosos
Quero minha casa feita
Com régua prumo e esmero
Quero tudo bem traçado
Quero tudo como eu quero
Quero tudo bem medido
De largura em comprimento
Não quero que minha casa
Me traga aborrecimento
Vou fazer a minha casa
Do alto de uma canção
E agradecer a Deus Pai
A sobrante inspiração
Sob a axila do Christo
Neste sovaco christão
Vou fazer a minha casa
No alto do Chapadão
E vou dar festa bonita
Com bebida e com garçon
E ao Lufa que foi amigo
Dou champagne com bombom
Vou fazer a minha casa
No centro do ribeirão
Quero muita água limpa
Pra lavar meu coração
Minha casa não terá
Nem sábado nem domingo
Todo dia é dia santo
Todo dia é dia lindo
Todo dia é sexta-feira
Sexta-feira da paixão
Vou convidar o Alberico
Para o peixe com pirão
E dentro da minha casa
Nunca vai juntar poeira
Pelo meio dela passa
Uma enorme cachoeira
Quero água com fartura
Quero todo o riachão
Quero que no meu banheiro
Passe inteiro o ribeirão
Quero a casa em lugar alto
Ventilado e soalheiro
Quero da minha varanda
Contemplar o mundo inteiro
Vou fazer o meu retiro
Na grota do chororão
A minha casa será
Uma casa de oração
Vou me esquecer do pecado
Entrar em meditação
E não saio mais de casa
Só saio de rabecão
Vou entrar pra Academia
Vou comer muito feijão
E acordar à meia-noite
Pra vestir o meu fardão
Mas na minha Academia
Sem chazinho e sem garçom
Só entra Mário Quintana
Só entra Carlos Drummond
Que já chega de besteira
Já basta de decoreba
Que a cultura verdadeira
Tá na asa do jereba
Porque tem urubu-rei
E tem urubu-ministro
Dois de cabeça amarela
E um preto que registro
Registro neste debuxo
Os dois condores também
Embora urubus de luxo
Têm direito no além
Sob a axila christã
Neste sovaco christão
Vou fazer de telha-vã
A casa do Chapadão
Vou dormir meu sono velho
Neste sovaco do Christo
Vou comprar muito sossego
Vou regar o meu hibisco
Vou viver na minha casa
Vou viver com a minha gente
Vou viver vida comprida
Prá não morrer de repente
Vou contemplar grandes pedras
Vazio de compreensão
Vou esquecer o meu nome
No alto do Chapadão
Vou plantar um roseiral
Vou cheirar manjericão
Vou ser de novo menino
Vou comprar o meu caixão
E vou dormir dentro dele
Bem relax tranqüilão
Dormir de banho tomado
Já pronto para a extrema-unção
Vou fazer a minha casa
No alto do cemitério
Vou vestir a beca negra
E exercer o magistério
Vou vestir a roupa lenta
Que leva ao desconhecido
E eis que chego aos sessenta
Como um homem sem partido
Nesta passagem de vento
Nesta eterna viração
Vou fazer a minha casa
Com as pedras do ribeirão
Vou fazer a minha toca
No bico d’urubutinga
No pico da marambaia
Lá na ponta da restinga
Será no rastro das antas
Na trilha da sapateira
Que é pra onça do telhado
Cair dentro da fogueira
Que eu gosto de onça assada
Mas na brasa da lareira
Conversando ao pé do fogo
A conversa rotineira
Das queixadas dos macucos
Conversa pra noite inteira
Da memória das caçadas
Na floresta brasileira
Deste planalto central
Este projeto christão
A ninguém faltará teto
A ninguém faltará pão
Desta prancheta ideal
Na luminosa manhã
Dr. Lúcio faz o risco
Do projeto telha-vã
Nesta oficina serena
Carpintaria christã
Dr. Lúcio mais Oscar
No projeto telha-vã
Neste canteiro de obras
Onde manda mestre Adão
Os milhares de operários
Colocar as telhas vão
Neste desvão principal
Nesta branca e azul manhã
Vou erguer a minha casa
De vermelha telha-vã
Vou fazer a minha casa
No meio da confusão
Que o jereba se alevanta
No olho do furacão
Vou fazer a minha casa
Na asa d’urubu peba
Que casa só é segura
Feita em asa de jereba
Vai ser na vertente seca
Na virada da chapada
Onde o peba se suspende
Na fumaça da queimada
Não quero mais ter galinha
Vendo toda a capoeira
Vou mandar cortar o mato
E vender toda a madeira
Mas quem pôs fogo no mato ?
E espontânea a combustão ?
Esse fogo vem de longe
Esse fogo é de balão
Inda que mal lhe pergunte
Esse fósforo aí grandão
O compadre me desculpe
E só de acender balão ?
Vou botar fogo no mato
Comandar rebelião
Incendiar a floresta
Tacar fogo no sertão
E o urubu de queimada
Vai surgir na ocasião
Pra comer todas as cobras
Sapos ratos pois então !
Caracóis e lagartixas
e todos bichos do chão
Urubu santo lixeiro
Tu és da Comlurb então ?
Trabalhando o ano inteiro
Tem décimo terceiro não ?
Camiranga meu amigo
Obrigado meu irmão
Que limpa toda sujeira
Desse povo porcalhão
Q’inda por cima te xinga
De feioso e azarão
«Doação ilimitada
A uma eterna ingratidão»
E vou viver no deserto
Quero o ar puro do sertão
Não quero ninguém por perto
E nem que passe avião
Não pode ter venda perto
Nem estrada de caminhão
Não quero plantas nem bichos
Nem quero mulher mais não
Quero vestir meu pijama
Smith e Wesson na mão
Quero ler na minha cama
Papo-amarelo no chão
As histórias do corisco
Vividas nesse sertão
Que Sérgio Ricardo e Glauber
Cantavam ao violão
«Eu não sou passarinho
Prá viver lá na prisão
Não me entrego ao tenente
Nem me entrego ao capitão
Eu só me entrego na morte
De parabelum na mão»
Minha casa é por aí
E no mundo monde mondo
Que eu só durmo no sereno
Quem faz casa é marimbondo
Vou cerzir a minha asa
Na casa do Sylvio então
Pra voar que nem jereba
Bem longe do Chapadão
Vou vender o meu pandeiro
Vou levar meu violão
Favor mandar meu piano
De volta pro Canecão
Vou-me embora vou-me embora
Aqui não fico mais não
Adeus minha bela morena
Vou pegar meu avião
Adeus minha roxa morena
Minha índia tupiniquim
O meu amor por você
É eterno até o fim
Não quero partir chorando
Já tá tudo tão ruim
Não chore meu bem não chore
Não me deixes triste assim
Adeus minha moreninha
Não vá se esquecer de mim
Mas não vou ficar solteiro
Você pára de chorar
Que com a sobra do dinheiro
Mando logo te buscar
Avião papa jereba
Passa mal e cai no chão
Avião foge do peba
Peba derruba avião
Por favor seu urubu
Me deixe passar então
Não entre em minha turbina
Não derrube o avião
Eu já tô tão tristezinho
E tantos outros já estão
Não derrame meu uisquinho
Não abata o meu jatão
Vou-me embora desta terra
Meu desgosto não escondo
O afeto aqui se encerra
Quem faz casa é marimbondo
Vou-me embora vou-me embora
Você não me leve a mal
Se Deus quiser fevereiro
Venho ver o carnaval
E não quero mais ter casa
Precisa de casa não
Quem tem casa é marimbondo
Minha casa é o avião
Telefonei pro aeroporto
Não tinha avião mais não
Vou fazer minha viagem
Na asa do peba então